Capítulo 4
Depois dessas coisas olhei, e diante de mim estava uma porta aberta no céu. A voz que eu tinha ouvido no princípio, falando comigo como trombeta, disse: “Suba para cá, e lhe mostrarei o que deve acontecer depois dessas coisas”. (Ap. 4.1)
A partir do capítulo quatro de apocalipse a visão muda, uma porta se abre no céu e Jesus chama João para ver as coisas da perspectiva de Deus, afinal João e o cristianismo estavam vivendo um momento de muita dureza, por conta da perseguição do Império, sua visão diante dos acontecimentos, só poderia ser de escuridão e incertezas, mas agora vendo as coisas de cima para baixo, tudo muda e os cristãos poderiam confiar na vitória por que Deus esta no controle de todas as coisas.
Imediatamente me vi tomado pelo Espírito, e diante de mim estava um trono no céu e nele estava assentado alguém. Aquele que estava assentado era de aspecto semelhante a jaspe e sardônio. Um arco-íris, parecendo uma esmeralda, circundava o trono, (Ap.4.2-3)
A indicação que João é tomado pelo Espírito nos apresenta que ele não subiu ao céu fisicamente, ele foi levado por Deus há ver o que iria de acontecer. Porque ser humano nenhum suportaria a glória de Deus, carne e sangue não poderão entrar no céu, por isso nós receberemos um corpo glorificado quando nos encontrarmos com Jesus.
João então vê um trono, esta visão é da mais alta importância porque significa que Deus é soberano e esta governando o mundo e tudo gira em torno Dele, nada foge do seu controle, Deus não reinará no futuro mas Ele reina desde do principio, tudo foi criado por Ele e para Ele são todas as coisas. “Deus esta no centro do universo”. E era importante naquele contexto essa visão do trono, em um momento onde Domiciniano maltratava a Igreja, que os crentes eram martirizados, eles precisavam ter a visão do céu e a garantia de que valia apena todo sofrimento, porque a vitória estava garantida, afinal Deus esta assentado no seu trono. E essa visão é muito importante para nós porque descansamos no que diz respeito ao futuro, não temos o que temer, porque Deus esta no centro de todas as coisas.
E no trono ele vê alguém assentado que tinha aspecto semelhante a jaspe e sardônio, João não esta descrevendo Deus, até porque Deus é Indescritível, Deus é singular, é único, Deus não permitiria que sua imagem fosse descrita até porque ele proibiu na sua palavra que os homens fizessem qualquer tipo de imagem no que há no céu. João esta descrevendo a glória de Deus e ele encontra duas pedras muitíssimo valiosa para época para descrever o reflexo de Deus. Então ele diz que quem está assentado é semelhante a jaspe uma pedra branca que simboliza a pureza de Deus, a santidade do Senhor e o sardônio uma pedra avermelhada que simboliza a retidão, a Justiça de Deus. Portanto João esta olhando para o trono e esta vendo um Deus soberano, regente do universo, santo e justo.
O arco-íris simboliza a graça e a esperança de Deus, ele é o símbolo da aliança que Deus fizera com Noé (Gn. 9) depois do Dilúvio, garantido para humanidade que a terra não seria mais destruída pelas águas. Aqui no Apocalipse o dilúvio aparece para João antes da tempestade mostrando que a Graça e a misericórdia de Deus vem antes de sua ira.
E para Igreja perseguida essa mensagem era muito importante porque eles já haviam sido alcançados pela Graça de Deus, e a ira viria e virá sobre todos aqueles que não olharem para o arco-iris, que não forem alcançados pela graça e misericórdia do Senhor.
ao redor do qual estavam outros vinte e quatro tronos, e assentados neles havia vinte e quatro anciãos. Eles estavam vestidos de branco e na cabeça tinham coroas de ouro.(Ap.4.4)
A visão dos 24 anciões tem provocado muitas interpretações, uns acham que são um simbolismo dos mártires que estão reinando com Cristo, outros pensam que são uma representação do sacerdócio eterno de Deus, mas a que parece ser a ” melhor interpretação é a tese que diz que esses vinte e quatro anciões simbolizam as doze tribos e depois os doze apóstolos, simbolizando os salvos e remidos de dois períodos em um destino comum de honra e glória com Deus”1. É a igreja reunida de todos os tempos sentada em tronos que significa posição de honra e autoridade e ela participará do julgamento do mundo e dos caídos. (1 Coríntios 6:1-3).
E a sua roupa representa a justificação a pureza da igreja e a coroa significa que a Igreja que reinará é a Igreja fiel, que perseverou até a morte.
Do trono saíam relâmpagos, vozes e trovões. Diante dele estavam acesas sete lâmpadas de fogo, que são os sete espíritos de Deus. (Ap. 4.5)
relâmpagos, vozes e trovões simbolizam o Juízo de Deus sendo preparado para aqueles que não foram alcançados pela graça, juízo esse trazido e preparado pelo o Espírito Santo simbolizado aqui pelas tochas de fogo. Se os seres humanos não aceitarem a graça de Deus, não olharem para o arco-íris, inevitavelmente eles enfrentaram o juízo de Deus.
E diante do trono havia algo parecido com um mar de vidro, claro como cristal. No centro, ao redor do trono, havia quatro seres viventes cobertos de olhos, tanto na frente como atrás. O primeiro ser parecia um leão, o segundo parecia um boi, o terceiro tinha rosto como de homem, o quarto parecia uma águia em vôo. Cada um deles tinha seis asas e era cheio de olhos, tanto ao redor como por baixo das asas. Dia e noite repetem sem cessar: “Santo, santo, santo é o Senhor, o Deus todo-poderoso, que era, que é e que há de vir”. (Ap. 4.6-8)
um mar de vidro, claro como cristal – representa a santidade de Deus, esse trono não é igual ao trono corrupto do Império, mas é um trono que não tem sujeira, não tem corrupção, não tem mácula, é um trono limpo e transparente como um cristal.
Os quatro seres viventes - existem várias correntes de interpretação desses quatro seres viventes, “o comentarista Ridout é de opinião que estas quatros criaturas correspondem à significação dos quatro evangelhos e a sua apresentação de Cristo. “Assim em Mateus, o primeiro evangelho é ali representado como poderoso “leão da tribo de Judá” em razão de ser esse animal, o mais nobre da fauna (cf. Pv. 30.30). Em Marcos, o segundo evangelho, Cristo é visto ai como o “paciente novilho”, representando a força divina e a sua paciência no holocausto da cruz (Lv.1). Em Lucas, o terceiro evangelho, Cristo é contemplado como “ o filho do homem”: sua humanidade representada nele por mais de quarenta vezes, servindo a vontade Divina e necessidade humana (Mt. 20.28 e Lc. 22.27). Em João, o quarto evangelho, Cristo é representado como “uma águia voando”, em razão de ser esta ave a mais nobre das aves do céu e Jesus o mais nobre dos filhos de Deus (cf. Hb. 1.4 ss)”2.
Já Ray Summers defende que “as quatro criaturas viventes formam, a seguir, o símbolo da soberania de Deus. Estão no meio e ao redor do trono. Cheio de olhos, por diante e por detrás, ao redor e por dentro. Tinham diferentes feições: um semelhante a um leão; outro, semelhante a um bezerro, o terceiro tinha rosto como de homem; e o quarto era semelhante a uma águia. Cada animal tinha seis asas... Por esta teoria, o leão representa a bravura, o bezerro representa a força, o homem representa a inteligencia, e a águia a ligeireza ou velocidade. Juntas simbolizam a eterna vigilância de Deus, ele não esqueceu de seu povo e é ligeiro e forte para vingá-lo 3.
Mas a interpretação mais coerente na minha opinião é da corrente teológica que diz que os quatro seres viventes é afigura de seres angelicais, os querubins, a força (representada pelo leão), o serviço (representado pelo boi), a inteligência (representada pelo homem) e a agilidade (representada pela águia) são características dos anjos, eles estão diante do trono sem parar, glorificando e adorando a Deus, essa é a visão que João tem do céu, ele vê Deus no trono sendo glorificado pela a Igreja e pelos anjos.
E em seu louvor os anjos cantam a santidade de Deus, a onipotência de Deus e sua eternidade.
Toda vez que os seres viventes dão glória, honra e graças àquele que está assentado no trono e que vive para todo o sempre, os vinte e quatro anciãos se prostram diante daquele que está assentado no trono e adoram aquele que vive para todo o sempre. Eles lançam as suas coroas diante do trono, e dizem: “Tu, Senhor e Deus nosso, és digno de receber a glória, a honra e o poder, porque criaste todas as coisas, e por tua vontade elas existem e foram criadas”. (Ap. 4.9-11)
Eles lançam as suas coroas diante do trono – Isso significa submissão total à autoridade suprema, a Igreja e os anjos estão em tronos secundários, e eles se prostram, se humilham diante de Deus, porque ele é o único que é digno de receber a glória e poder.
Então o capítulo 4 fica assim:
Depois dessas coisas olhei, e diante de mim estava uma porta aberta no céu. Jesus disse: “Suba para cá, e lhe mostrarei o que deve acontecer depois dessas coisas”. Imediatamente me vi tomado pelo Espírito, e diante de mim estava um trono no céu e nele estava assentado o Deus soberano, regente do universo, santo e justo. . Sua graça e misericórdia circundava o trono, ao redor do qual estavam outros tronos, e assentados neles estava a Igreja de todos os tempos. E a Igreja estava santa e imaculada e ela havia sido coroada pela sua fidelidade. Do trono saía o Juízo de Deus para aqueles que não foram alcançados pela graça. Diante dele estava o Espírito Santo. E diante do trono havia a pureza de Deus. No centro, ao redor do trono, havia os anjos que com sua força, com seus serviços, sua inteligência e agilidade glorificavam a Deus de dia e noite sem cessar: “Santo, santo, santo é o Senhor, o Deus todo-poderoso, que era, que é e que há de vir”. Toda vez que os anjos dão glória, honra e graças a Deus , a Igreja se prostra diante de Deus e o adora. Eles se submetem diante de Deus, e dizem: “Tu, Senhor e Deus nosso, és digno de receber a glória, a honra e o poder, porque criaste todas as coisas, e por tua vontade elas existem e foram criadas”.
Esta ai o capitulo quatro de apocalipse sendo interpretado de uma forma simplificada, coerente com todo o apocalipse e com toda a bíblia, um texto que tem muito sentido para os cristãos contemporâneo de João mas que também fala muito ao nosso coração, afinal tanto eles no passado, quanto a Igreja (nós) do presente estamos vivendo os últimos dias.
João foi convidado pelo próprio Jesus para ver as coisas do céu, do alto, da perspectiva de Deus e nela percebemos que a Vitória do Crente é garantida, que Deus Reina e é soberano em todo o universo.
Que Deus nos ajude a entender essa verdade irrefutável e a viver por ela, pois certamente ela produzirá em nosso coração a segurança necessária para enfrentarmos todas as dificuldades da vida, entendendo que no fim tudo dará certo, se ainda não deu é porque não chegou ao fim.
Fiquem na Paz do Senhor Jesus
Lembrando que aguardo os seus comentários, críticas, dúvidas e sugestões!
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1 - SUMMERS, Ray. Digno é o cordeiro, p. 178
2 - SILVA, Severino Pedro da. Apocalipse versículo por versículo, p.70.
3 - SUMMERS, Ray. Digno é o cordeiro, p. 180.
4 - LOPES, Hernandes Dias, pregações expositivas sobre o apocalipse
5 - Bíblia NVI
6 - Bíblia SHEDD
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